A verdade da Homoparentalidade

Desde pequenos que fomos ensinados que as famílias eram compostas por um pai e uma mãe. Mas, os tempos foram evoluindo e com isso surgiram novas ideias e mentalidades, como a homoparentalidade. Conceito que consiste na existência de famílias constituídas por pais do mesmo sexo, sejam estas formadas por adoção ou por fertilização em vitro.

Embora as sociedades tenham começado a aceitar a homossexualidade como algo normal, chegando muitos países a legalizar o casamento homossexual, ainda existe muita discussão sobre a capacidade de um casal do mesmo sexo conseguir criar uma criança e o impacto que este factor terá nela. 

As opiniões sobre este novo modelo de famílias estão divididas em dois, contra, temendo-se que a criança sofra de discriminação por parte das outras crianças e que sinta falta da ligação ao sexo não presente nos pais, e a favor, apoiando o facto de que este tipo de famílias é mais cuidadoso na hora de decisão de adicionar um novo membro à família, e que o facto de adicionarmos uma criança a um ambiente diferente do que é habitual fará com que a criança seja mais recíproca a novas situações e aceite melhor os diferentes estados de vida.

Psicólogos de todo o mundo discutiram este novo modelo, estando eles mesmos divididos no consenso de a homoparentalidade ser ou não positiva para a criança.

Roudinesco, psicoanalista, apresentava a ideia de família de uma forma abrangente a todas as pessoas independentemente da sua idade, orientação sexual ou condições de vida, chegando a publicar em um dos seus livros:” ... a família seja atualmente reivindicada como o único valor seguro ao qual ninguém quer renunciar. Ela é amada, sonhada e desejada por homens, mulheres e crianças de todas as idades, de todas as orientações sexuais e de todas as condições... desde que saiba manter, como princípio fundador, o equilíbrio entre o um e o múltiplo de que todo sujeito precisa para construir sua identidade. “

Dubreuil, psicólogo, explicava em 1998 a dificuldade de aceitação de novos tipos de famílias e o porquê de este factor se suceder, dizendo que “A dificuldade em assumir totalmente os novos modelos familiares deve-se ao facto de que a ideia da família tradicional está instalada no imaginário coletivo como norma e, portanto, a construção de outros modelos de família, como a homoparentalidade, por se colocar como minoria, agrega questões e dúvidas envolvendo a própria noção de ser família e daquilo que necessita uma criança, dentro desse grupo.”

Pratta e Santos abordavam o assunto dizendo que “A abordagem psicanalítica atribui importância vital à família de origem, como as internalizações dos pais da infância e do modelo parental de relacionamento, e coloca em relevo a capacidade de cada indivíduo relacionar-se e vincular-se. Na teoria das relações objetais o desenvolvimento da capacidade de criar vínculos está diretamente ligada à subjetivação do indivíduo. As experiências vividas pela criança/adolescente/jovem tanto em contexto familiar como em outros ambientes contribuem para a sua formação e amadurecimento até a idade adulta. É dentro da célula familiar que a criança vai passar pelas primeiras experiências de afeto, dor, medo, raiva, e outras, possibilitando aprendizado para atuação futura.”

Passos, psicólogo, acredita que a homoparentalidade pode ser o resultado de uma família recomposta com filhos de relacionamento heterossexual anterior, adoção ou o uso de tecnologias reprodutivas. E que essa composição familiar é marcada pela ausência de papéis fixos entre os membros; inexistência de hierarquias e pela circulação das lideranças no grupo; pela presença de múltiplas formas de composição familiar e, consequentemente, de formação dos laços afetivos e sociais, o que possibilita distintas referências de autoridade, tanto dentro do grupo como no mundo externo.

Arán, psicólogo no Brasil, acredita que: “A família homoparental destitui um princípio fundamental na constituição do grupo familiar: A diferenciação sexual, um dos fatores de maior questionamento nesse tipo de parentalidade. Noções de alteridade e diferença, presentes nos principais conceitos da teoria psicanalítica, estão atreladas à polaridade masculina/feminina (heterossexualidade), como se na homossexualidade/ homoparentalidade não fosse possível viver a diferença.”

O estudo deste novo tipo de família vai ser continuado, averiguando qual é verdadeiramente o melhor ambiente para as crianças crescerem.

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