Dois terços da população mundial será afectada pela escassez de água

O uso excessivo de recursos hídricos para a produção de alimentos levará a uma escassez de água que afectará dois terços da população mundial em 2050, alertou a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Esta foi a conclusão apresentada no segundo dia do VII Fórum Mundial da Água (FMA), que ocorre em Daegu, na Coreia do Sul, até sexta-feira, ao relatório “Rumo a um futuro com segurança hídrica e alimentar”.

Cerca de 40% da população do planeta sofre actualmente de escassez de água, uma percentagem que irá aumentar até cerca de dois terços até 2050, assinala o documento.

A FAO informa ainda que em certas partes do planeta ainda se utiliza mais água subterrânea do que água armazenada de forma natural, especialmente grandes zonas como a Ásia Meridional e Oriental, Médio Oriente, África do Norte e América do Norte e Central, acrescentando ainda que em algumas regiões “ a agricultura intensiva, o desenvolvimento industrial e o crescimento urbano são os responsáveis pela contaminação das fontes de água”.

Por este motivo a FAO pediu aos governos de todo o mundo que “ actuem para assegurar que a produção agrícola, pecuária e piscatória se realize de forma sustentável e que ajudem a salvaguardar os recursos hídricos.”

Ao apresentar o relatório, Benedito Braga, presidente do Conselho Mundial da Água, afirmou que “ a segurança alimentar e hídrica estão estreitamente ligadas” defendendo também uma agricultura centrada na sustentabilidade mais do que na rentabilidade imediata. 

“Acreditamos que com o desenvolvimento dos enfoques locais e com os investimentos adequados, os lideres mundiais podem assegurar que haverá suficiente volume, qualidade e acesso da água para garantir a segurança alimentar em 2050 e mais além”, acrescentou Benedito Braga.

Segundo o documento em 2050 será necessário 60% a mais de alimentos para alimentar o planeta, enquanto a agricultura continuará a ser o maior consumidor de água a nível mundial.

Apesar do sector vir a ser afectado com a redução do volume de água disponível, e apesar do aumento da urbanização, grande parte da população mundial continuará a ganhar a vida com a agricultura.

Novos caminhos terão de ser encontrados pelos agricultores “através da tecnologia e das práticas de gestão” para aumentar a sua produção com uma disponibilidade limitada de terra e de água, referiu ainda o documento.

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